8 de maio de 2012

O frio que não habita em mim


O frio que se aproximava, finalmente chegou. As manhãs são úmidas e o vento uiva em minha janela. Os cobertores não aquecem como deveriam e meus dedos estão rijos.
Ainda que meus pelos clamem por algo que aqueça minha pele, nada disto me afeta, pois tenho você e todos os sentimentos bons gerados por ti dentro do peito.
Por mais intenso que seja o inverno, ele não é pareô para o calor que reside em mim, para o amor, o nosso amor.

25 de março de 2012

Sunset



Domingo, 18:23 h, 25 de março de 2012, calendário gregoriano. Esta foi a data do pôr do sol que está eternizado nesta fotografia. 
Naquele fim de tarde, tive a visão de uma beleza que há tempos não presenciava. Enquanto o sol saia para o seu descanso, eu estava lá, calado, imóvel, distante de mim mesmo, próximo dos pássaros que voavam desordenadamente, em fim, apaixonado por aquele fenômeno natural.
Quando o êxtase terminou, comecei a indagar coisas como: Por que aquilo havia acontecido comigo? Como um evento natural e corriqueiro havia excitado minhas emoções com tamanha força?
Depois de muito pensar, consegui encontrar a minha resposta: Aquilo era real! Não estava na TV, no cinema, em um livro ou em minha cabeça. Não era uma fantasia idealizada, e sim a realidade crua, singela, imperfeita. Bem a minha frente. 
Foi quando minha mente trouxe à tona, inúmeros momentos que perdi em pseudorealidades enquanto o universo me presenteia com maravilhas a cada segundo. Essa paisagem surpreendente ocorrendo todos os dias e eu aqui, dentro de quatro paredes com meus paliativos eletrônicos. Faz sentido?
"Vivemos" esperando o momento exato, a oportunidade de ouro, o caminho das pedras, a pessoa perfeita. Mas existe um problema nisso: viver e esperar são atos antagônicos. É impossível entregar-nos a experiência de vivência na espera pelo perfeito. 
Acredito que foi isso que consegui fazer naquela tarde, esvaziei-me da espera pelo perfeito e quando menos esperei, fui invadido pela plenitude do simples.


Ao invés de esperar por um bom final para este texto, saia da frente do computador e deleite-se com o céu claro ou escuro, nublado, ensolarado ou estrelado que o aguarda para ser vivido. 

28 de fevereiro de 2012

Demônios internos



Certa vez ouvi um homem dizer "as lágrimas limpam as janelas de sua alma", e hoje tratei de por a prova essas palavras. Após a limpeza, fixei meu olhar em minha íris refletida no espelho e algo espantoso aconteceu, pude enxergar muitos dos meus inimigos internos. O surpreendente não foi vê-los, mas sim perceber que estavam e permanecem armados e organizados como um exercito que faz cerco a uma fortaleza. 
Como um rei beberrão incrédulo de ameças, deixei-os livres, e desta forma eles aumentaram suas forças e agora apresentam uma ameaça. Neste momento de sobridez, consigo perceber como consomem minha vida, cada um com o seu papel.
A raiva, acompanhada algumas vezes pelo sadismo, quando assim julgo ser justo. A intolerância que aparace acompanhada do preconceito em cercas ocasiões. A mediocridade que me impede de ser responsável por realizações realmente significativas, possui como aliada a minha maestria na arte de procrastinar. A crítica que me faz o maior entendedor das atitudes humanas e das artes, forma um grande par com a hipocrisia, facilmente detectada em minha pseudo-intelectualidade. A indiferença aos problemas alheios. Os vícios acompanhados dos prazeres passageiros. O materialismo oportunista.
Porém, lembrei-me de uma frase de outro homem: "vós sois deuses". Se a primeira frase é verdade, talvez esta também seja. E apoiado nesse pensamento, criei forças para urrar: Cansei! Estou farto!
Não quero mais acordar e dormir desejando ser melhor. Irei agir para ser melhor. Minhas últimas palavras não serão desejos não realizados e sim lembranças de corações que pude tocar e quem sabe mudar. Incluindo o meu. 
Não estou dizendo que quando o sol voltar amanhã, serei um novo homem, sem os demônios internos agora nítidos e aqueles que ainda estão nas sombras. Esta manifestação é uma forma de afirmar que a partir de hoje, estou com minha armadura vestida e armas em punhos para enfrentá-los e que a cada dia, darei um passo para afastá-los do caminho de meus sonhos.  

9 de novembro de 2010

Retorne


Deixe esse planalto uniforme, monótono e previsível e volte para as confortantes montanhas de nossas minas gerais. Volte, e traga os cachos que alimentam meus sorrisos e me fazem criança novamente. Traga a voz sutíl que acalma meu espírito e me faz crente no amor entre os homens. Retorne com os olhos de caramelo que me indicam a direção, como um farol que guia um navio à deriva. Sua ausência me angustia, e só faz aumentar a minha vontade por um sorriso seu. Ah! Seu sorriso. Todo o encanto em um único gesto. Se eu pudesse tê-lo agora, ao menos um esboço, me sentiria como um pássaro que acabara de escapar de sua gaiola. Voe para casa, pouse em meus braços e esquente meu peito, que chora por ti.

16 de junho de 2010

Você o viu? Deu tempo?


Se tudo passa, não poderia ser diferente com o tempo. Uns dizem que é tão rápido ao ponto de não podermos vê-lo, outros afirmam que esse pode voar. Certo é que quanto mais passa, mais queremos que passe. Ansiamos pelo amanhã como um nômade anseia por um oásis, e quando o amanhã se torna hoje, não desejamos este mais. A cada ciclo de 24 horas que se completa, nossas vidas passam e agimos como meros espectadores onde deveríamos ser hábeis protagonistas. A vida é feita do presente, que a um minuto atrás era futuro e logo será passado. O minuto que terminou não voltará e mesmo que haja a certeza que outro virá, não será o mesmo que se foi. O tempo é curto, breve, cabe na palma da mão. Aproveitemos sua pequenez para colocá-lo em nossos bolsos antes que ele se vá.

27 de maio de 2010

Lembranças do que não fiz (mas vou fazer)


Hoje ouvi uma música. Aquele tipo de música que traz lembranças felizes e confortantes junto a ela. Mas, curiosamente, tive lembranças de tudo o que não vivi. Em mente, apenas as recordações dos amigos que nunca abracei, do senhor de bengala que não ajudei na longa travessia de uma calçada a outra, das palavras doces que nunca disse a todos que amo, de não escutar o som das árvores sendo ninadas pelo vento ao anoitecer, não por surdez e sim por estupidez. Lembrei que o sol dorme quando chega a hora, e com ele o céu anil, levando as nuvens de elefantes e golfinhos que não vejo mais, pois sou boçal o suficiente para admirar as complexas invenções do homem e ignorar a maravilhosa e simples vida. Com o repouso do sol, surge a charmosa lua, tal como Sancho Pança nos acompanha em nossa insana e interminável caminhada em torno do sol. Com a lua, as vagaluminosas estrelas, ontem guias de Cabral e hoje pontos sem graça, invisíveis dentro de minha oca informatizada. Porém, em meio toda essa melancolia, lembrei que o sol volta todas as manhãs regendo um novo dia. E com ele a oportunidade de aproveitar o presente para fazer o que por alguém motivo não fiz no passado. Esse é o maior presente que a vida pode me dar.